sábado, 10 de setembro de 2011

Corrupção no Brasil

Corrupção no Brasil
Jéssica Magalhães
Aqueles que difamam o funcionamento do Processo Legislativo não conhecem a complexidade e a beleza dos Regimentos Internos.
Todos os problemas e as maledicências provêm, na verdade, daqueles que deturpam e desprezam as regras. Mas como se sabe popularmente “basta apenas 1 laranja podre para que contamine todas as laranjas do saco”.
Àqueles que lutam contra o sistema político, deveriam estudá-lo e conhecê-lo. Não se combate um inimigo desconhecido. Saber e adquirir todas as informações (ler o livro por inteiro) acerca do objeto que se queira mudar ou destruir. Identificar os pontos fortes e suas fraquezas, identificar a corrupção e as brechas que a torna possível.
O que é a corrupção? É a deturpação de valores morais e éticos. Valores intrínsecos à personalidade de cada um e praticamente indetectáveis através do discurso polido, mas as atitudes denunciam.
É histórico o afastamento do Povo diante das decisões políticas. O Povo aprendeu durante centenas de anos de imposições a “cuidar da sua vida”, deixar as grandes decisões para “pessoas mais gabaritadas”. Várias revoltas surgiram, mas foram oprimidas e represálias foram feitas aos revoltados. O Povo aprendeu a duras penas de que: “é melhor ficar calado”, “não se meter com isso”, “preocupe-se com a sua família”, “deixe que os outros se preocupem com isso”, “não se envolva”, “tema por sua vida”.
Culturalmente as pessoas brasileiras aprenderam a se divertir, “beber pra esquecer meus problemas”, cultuar festas folclóricas, prestigiar esportes (principalmente o futebol)... Quando as atenções se voltam para a diversão, as decisões políticas acontecem em “uma realidade paralela”.
Há também o medo. O medo atinge a todos: políticos e empresários e o Povo. Mas são medos diferentes. O medo dos primeiros é a mudança, que as pessoas se informem e resolvam atuar. Isso porque antes as revoltas “podiam” ser contidas de forma brutal. Hoje a Constituição Federal explicita que “o poder emana do Povo”. Então para eles há o medo de que essa máxima passe a funcionar em sua essência e eles percam o poder que usurparam do Povo de maneira “bem” disfarçada. O que alivia o medo deles é o medo que o Povo tem.
O medo do Povo é complexo. Muitos, normalmente os mais humildes (remanescentes de escravos, baixa ou nenhuma instrução, trabalhadores braçais), tem medo de “afrontar” o Estado por temer as duras represálias que seus parentes distantes sofreram quando tentaram mudar as coisas. Esses não compreendem que, em verdade, são os legítimos “donos” do poder e não dão abertura para aprender sobre isso, são os que mais ficam imersos nas “diversões”. Outros ficam indignados diante das denúncias espalhadas pela mídia convencional, reclamam do “governo” e dos políticos, mas preferem “cuidar da sua vida”. Alguns que ficam indignados sentem necessidade de fazer alguma coisa para mudar, mas se sentem impotentes e abandonados em uma luta “sozinhos contra o sistema” e acabam se conformando e se limitando a reclamar como os outros.
Existem, porém, pessoas inconformadas. Essas não se limitam a descobrir as coisas pela mídia convencional, elas procuram opiniões, relatos, notícias veiculadas no exterior a respeito do Brasil, mídia 2.0, formadores de opinião. Elas expõem suas próprias opiniões nas redes sociais, em vlogs, em blogs, escrevem artigos, e-books, conversam em fóruns, debatem. Identificam pessoas que tenham pensamentos e idéias afins e articulam ações, manifestos, procuram mobilizar as pessoas e tentar fazer com que “despertem do torpor” e vão à luta. São Revolucionári@s 2.0. Mas elas também têm medo. Há a paranóia, mania de perseguição. E o medo de não ter a aderência das outras pessoas do Povo, não obter a “Massa Crítica” necessária para a verdadeira mudança. Medo de “lutar à toa”.
Existem uns poucos otimistas, outros desistentes e muitos pessimistas. Estes últimos acabam enfraquecendo as ações para a mudança e aumentam o grupo dos desistentes, diminuindo assim o grupo dos otimistas.
Tudo isso é fato conhecido por todos. Mesmo assim, os anos passam e as mudanças que ocorrem (se ocorrem) são mínimas. E por serem tão sutis não recebem seu devido valor. Outro fato decorrente da cultura brasileira: sublinhar e negritar os defeitos e desprezar as virtudes pormenorizando-as.
Há solução. Trabalhosa, é verdade. Lenta, inconsistente com o nível tecnológico já que queremos resultados rápidos. Há maneiras de revolucionar, de extirpar a corrupção do nosso sistema político. Mas ”o processo é lento, mas é assim que a gente vai pra frente” BNegão.

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