domingo, 9 de agosto de 2015

Fios de Cabelo (em 30/03/2007)

Vindo hoje, não tão cedo, ao trabalho, sentada em um dos bancos plásticos vermelhos que ocupam os vagões do trem elétrico (o metrô), abri minha bolsinha de pano vermelho (a bolsinha onde guardo meus instrumentos embelezadores) e tirei dela meu espelho. Mirando-me nele percebi meus fios vermelhos de cabelo, que perdidos estavam a espetar-me os olhos. A franja que foi cortada ontem à noite à meia luz, não estava tão parelha quanto pareceu à mim naquele espelho que, além de mim, refletira tantas coisas. Então como que numa espécie de jogo de paciência pus-me a puxá-los e puxá-los para fora de minha cabeça arrancando-os lentamente. Eram talvez três, ou quatro fios desalinhados e rebeldes, solitários ao seu próprio modo. Após terminar de usar batom, espelho e cia, guardei-os na pequena bolsa vermelha e reparei em um fio de cabelo que encontrava-se preso em um vão da porta do metrô. Não era vermelho. Nem tampouco era liso e curto. Era um fio longo e negro com aspecto ondulado. Tentei imaginar como seria a pessoa que teve seu cabelo arrancado, seu fio de cabelo, pela porta do trem, do metrô. Pensando muito cheguei à conclusão que, salvo engano, aquele fio não poderia ser de um ser humano do sexo masculino, não por sua forma ou cor, mas pelo seu comprimento que era realmente grande. Homens com cabelos compridos não costumam deixar que cresçam tanto, não que eu já tenha visto, pelo menos. Então tentei imaginar que tipo de mulher havia deixado ali um pedaço seu. Pela altura que o fio estava preso pressupus que a mulher era alta, ou que usava salto alto. Não que usasse salto alto sempre, mas que, naquela ocasião provavelmente estaria usando um. Até porque era no espaço de tempo em que normalmente as pessoas estão indo para seus respectivos trabalhos, assim como eu própria estava indo para o meu. E normalmente as mulheres vão para seus locais de trabalho devidamente arrumadas e calçando seus calçados de salto alto. A mulher de longos cabelos cacheados e negros que estava arrumada para o trabalho, de salto alto, parou ali, em pé. Em pé sim, porque durante o horário de pico, em que todos se colocam em movimento, em trânsito, para chegarem aos seus locais de trabalho, o metrô e seus vagões ficam lotados de pessoas. E nesses horários, os bancos de plástico vermelhos ficam todos ocupados por pessoas. Inclusive por homens-não-cavalheiros, que não se sensibilizam com os pequenos pés das muitas mulheres que usam salto alto e que talvez por não se sensibilizarem ou até por outro motivo, não cedem seus lugares a elas. Logo, aquela mulher foi para o seu trabalho dentro de um vagão lotado, logo pela manhã, e teve seu enorme fio de cabelo arrancado estupidamente pela porta daquele trem. Uma pequena agressão ao seu corpo, uma parte (muito pequena, concordo) de seu longo, cacheado e negro cabelo foi violentado, logo pela manhã, no começo do seu dia. E que dia será esse que ela terá? Será um dia bom? E se não for? Poderá ter começado com essa pequena agressão da máquina, da agressão matinal? Não posso responder nenhuma pergunta com absoluta certeza. Mas analisando por outro lado, talvez a máquina tenha se impressionado tanto com a mulher, que tenha dela tirado uma pequena lembrança para cultivar seu amor e seu encantamento com tal-figura. Um caso bizarro onde o trem escolhe uma, entre tantas outras, para ser a sua pessoa amada.

domingo, 12 de julho de 2015

7+7= Vida

Queria eu ter encontrado sozinha
Uma maneira de viver mais tranquila
Assim, sem tanta correria, sem gritaria
Teria sido mais fácil.
Orgulho-me de saber que não é do meu jeito,
Rezo para que eu aceite a vida como ela é, a cada dia
Zangada? E de que adianta?
Estou no lugar certo, com a melhor pessoa que poderia estar

Ganhei uma resposta linda de Deus
Imagine a força de um sorriso, de um olhar ou abraço 
Um colo para acolher uma primogênita, um carinho, um cuidado
Lição que aprendo todo dia com muito amor
Infinito
Amor




quinta-feira, 19 de março de 2015

Tem pessoas que...

Tem pessoas que não conseguem lidar com demonstrações sinceras e honestas, com espontaneidade, com real interesse em crescimento, com tentativas de aproximação vindas de outro alguém. 

Tem pessoas que não se permitem viver, que ficam ensimesmadas, que não se permitem mudar, que são inseguras, que seguem normas tão rígidas para si mesmas que se amarram.

Tem pessoas que julgam saber demais, que não fazem ideia do que é a humildade que tanto almejam, que não dão chance para o outro, que acreditam que tudo o que poderiam obter de outro alguém já conseguiram. 
Isso porque são mesquinhas e só percebem resultados superficiais, só pensam em vantagens para si. 

Tem pessoas que querem mudar mas não querem passar pelo processo de mudança, não querem lidar com as consequências e principalmente não querem se empenhar e se esforçar para isso.

Tem pessoas que acreditam que podem fazer tantas coisas e que já se livraram de tantas outras, que imaginam um mundo inteiro dos sonhos e não fazem um único movimento para alcançá-lo.

Tem pessoas que tentam tanto, com tanta incredulidade e negativismo que quando conseguem se apavoram.

Tem pessoas que agem movidas por seus instintos primitivos, que deixam de agir e apenas reagem, que buscam atender apenas às suas próprias vontades mesmo que precisem para isso negarem suas próprias necessidades.

Tem pessoas que acham que tem discernimento, bom senso, humanidade, força de vontade, fé... Mas são apenas lampejos de...

Tem pessoas como eu e você.

Jéssica Magalhães